Coragem, por The Chavesolt






"Estamos convencidos de que os grandes escritores colocaram a sua própria história nas suas obras. Pinta-se bem apenas o próprio coração, atribuindo-o a um outro." -François Chateaubriand

Depois de umas conversas e incentivos da linda PertersGah, respirei fundo e tomei coragem de trazer aqui um pedaço de meus devaneios literários. Espero que não pareça fora de contexto ou que se perca de alguma forma.

*Comentários são bem vindos!! *-*
Chovia, chovia muito quando nos conhecemos, algumas pessoas podem achar que seria um clima desagradável, eu por outro lado acho tão romântico. Quem me fez ver e pensar sobre coisas mínimas e tão indispensáveis de forma tão bela, foi ele. Ele que mudou minha vida, Lufe. Mas vamos pelo começo, sou filha de nossa excelentíssima alteza, entretanto nunca tive a cabeça muito boa, eu acho, e sempre tive uma fixação por ignorar regras e aos meus dezenove anos comecei a explorar as aldeias de Linn e a que mudou minha vida foi a aldeia dos Magos. O começo foi vergonhoso sim, quem me levou até lá foi um dos magos que desprezam seus princípios e optam pela magia negra, ainda assim, se eu soubesse antes o que sei agora erraria tudo exatamente igual.
   Então, como disse chovia, eu acabará de chegar a aldeia já conhecida, sozinha, quando senti um aperto firme em meu braço.

- Vossa Alteza, por favor me acompanhe, saia desta chuva.

Mesmo debaixo de toda a chuva seu sorriso conseguiu me cativar, o tipo de sorriso que aquece o coração de qualquer criatura.
Sua voz era ... como explicar que uma pessoa pode mexer com alguém desta forma. Seus olhos eram tão misteriosos, de um verde que eu tenho certeza, eram feitos da turmalina mais linda de toda Linn, as mesmas que esverdeavam de forma tão magnífica as águas de Samhir.

- Senhorita, se assim posso chama-lá, está se sentindo bem ?

- Oh, me perdoe! Aceito sua ajuda sim, por favor...

Em outra ocasião eu teria agradecido a chuva devido ao fato de meu rosto queimar com o vermelho mais vivo, porém a reação que me seguiu foi constrangedora e aliás seus olhos além de verdes eram de um mago. 
Caminhamos até uma espécie de hospedaria, escura, um ambiente completamente masculino. Além de nós havia a senhora do outro lado do balcão, que escutava gracinhas de um homem sentado deste lado, que aparentava ter bebido mais do que o recomendado e mais duas mesas ocupadas ao fundo do salão. Fora isso ainda se podia sentir o cheiro de terra molhada que emanava do lado de fora...

- Você não me parece bem, sabia? Quer alguma coisa? Sentir-me-ia extremamente honrado em servi-lá.

- Não, obrigada! Na verdade eu gostaria de saber por que a aldeia está tão vazia... Eu procurava por alguém, mas...

- Ah, sim! Seu novo amigo, eu suponho. Desculpe-me a sinceridade my Lady mas garanto que ninguém de todos os Dante concordaria com isso e ainda se me permite continuar sabes o que eles fazem não ?

Como podia esta criatura ser tão atrevida diante de alguém como eu! Ele deitou um braço sobre a mesa e o outro apoiou o rosto com a mão. Este mesmo rosto que não desvia a atenção do meu, este com os cabelos negros, ainda molhados que lhe caiam perfeitamente em volta do rosto. Oh, pelos céus deste reino! Eu mal conheço o rapaz.

- Bem, creio que...

- Creio eu que estou sendo muito impertinente. Também não respondi sua pergunta, nessa fase da lua eles peregrinam pelos campos ao Norte, mas acredito que a senhorita deva saber.

Perdemos a noção do tempo, completamente. Conversando por horas a fio.
E nossa! Como ele falava.

-Obrigada, mas tenho que partir já que o tempo melhorou.

- Quando esteve ruim, minha senhora?

Levantei-me desnorteada com tudo que acabará de ver e ouvir. Ele me acompanhou, passei pela soleira da porta, mas ele se deteve por ficar ali mesmo ou pelo menos eu achei.

Quando voltei a sentir sua mão em meu braço, me virei e seu rosto estava a centímetros do meu, atrás o céu exibia todo seu esplendor e parecia querer agradar-lhe. Eu podia sentir sua energia de forma nítida, tão pura quanto a Cornalina em seu pescoço. Realmente não sabia o que esperar.

- Lufe.

- Sim?

- Meu nome querida.

   Ele me soltou, e me presenteou com o mesmo sorriso encantador. Segui meu caminho, depois de uns quinze passos me virei para uma rápida olhada e eles estavam lá, ele e seu sorriso. Eu sabia e ele também que o destino não age de forma aleatória, não foram simplesmente nossos olhos que se cruzaram naquela tarde, muito mais estava envolvido e não teria como saber a magnitude de tudo isso.



Nunca mais voltei a aquele lugar...
Pelo menos, não pelos motivos errados.
Eu o tinha conhecido, felizmente.
Ou não...







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